Não foi na Alemanha, mas sim na região do atual Iraque,
que grãos fermentados deram origem à primeira e rudimentar cerveja
Pesquisas de mercado conduzidas pela empresa Euromonitor International, em 2016, apontam para a cerveja como a quarta bebida largamente saboreada no planeta. O Brasil aparece como o terceiro colocado no ranking de países que mais a bebem, perdendo o título apenas para os Estados Unidos e a China, respectivamente, desta vez em estudos promovidos pela Credit Suisse, Euromonitor e Statista. Mas, mesmo sendo a queridinha dos bares e botecos, nem todos conhecem as raízes milenares da bebida. Prepare-se, então, para uma viagem no tempo e desvende conosco os primórdios da cerveja.
Contrariando a fama de sua criação ter se dado no continente europeu, especificamente na Alemanha, foi no encontro dos rios Tigres e Eufrates, há quase 10 mil anos, onde existem indícios do princípio da produção cervejeira. Pesquisadores atribuem o surgimento da cerveja como resultado de um incidente envolvendo a cevada armazenada pela antiga civilização da Suméria. Acredita-se que a infiltração de água, decorrente das chuvas, nos estoques, tenha provocado a fermentação dos grãos e produzido, por acaso, a primeira experiência cervejeira da humanidade. A partir daí, o processo foi repetido e aperfeiçoado.
Nesta etapa, antes mesmo do desenvolvimento da escrita, as mulheres da comunidade trabalhavam para aprimorar a substância que, a princípio, era considerada uma fonte de nutrição e sustento alimentar. Os fenômenos que levaram ao aparecimento da cerveja não eram tão claros para todos e, nesse quesito, o protagonismo feminino à frente da produção adquiriu ares sagrados. Ninkasi, deusa da agricultura, foi também designada como divindade da cerveja, tendo em vista a exclusividade e liderança das mulheres no preparo do líquido.
Com o decorrer do tempo, a tradição, que naquele povoado virou até lei, se espalhou e conquistou outras culturas. Quando desembarcou na Europa, as múltiplas influências no continente ajustaram a bebida aos moldes como a conhecemos hoje. Foi só durante a Idade Média, em mosteiros da Itália, em que ervas e o lúpulo foram acrescidos à receita e conferindo o sabor presente até hoje.
Texto: Cauan Gomes
Supervisão: Aline Monteiro
Comentarios